O constante surgimento de modismos, inovações e de aberrações doutrinárias é visível nos arraiais evangélicos de nossa nação. Elencar todos eles aqui seria impossível tendo em vista a inúmera quantidade de práticas reprováveis e contrarias às Escrituras Sagradas. Contudo, há a necessidade de se comentar o aparecimento recente de uma nova prática em especial, que por meio de pregadores tem sutilmente encontrado espaço em vários púlpitos de nossas igrejas. Trata-se do uso indiscriminado e equivocado de fundos musicais durante a pregação da Palavra de Deus.
Inicialmente, alguém poderá pensar ser um exagero tratar sobre uma prática tão comum em diversos locais e eventos, onde há muitos locutores que gostam de se comunicarem acompanhados pela execução de uma agradável canção, cuja intensidade do som produzido seja baixa – ao fundo, e que tem a finalidade apenas de enternecer os ouvintes. Acontece, porém, que essa prática é totalmente nociva para aqueles que buscam oferecer a Deus um culto racional (Rm 12.1) e espiritualmente equilibrado, principalmente quando consideramos o fato de que tal modismo leva o crente a substituir a racionalidade da adoração por uma mera explosão de sentimentos.
Entretanto, concordo que o simples ato de colocar um fundo musical no momento em que se está pregando um sermão não é pecado em si mesmo nem condenado diretamente pela Bíblia. Todavia, é sabido por todos que a musica tem o poder de estimular a imaginação ou provocar diversas reações no emocional das pessoas. Sabedores disso, pretensos pregadores têm procurado combinar musica de fundo e pregação, para que durante suas preleções possam sensibilizar ou comover seus ouvintes – um verdadeiro apelo às emoções, facilitando com isso a inserção de mensagens de auto-ajuda, triunfalistas e carregadas com ideologia/teologia da prosperidade.
Uma das principais desculpas usadas por aqueles que praticam esse modismo é dizer que Deus derrama do seu poder sempre quando pregam com uma linda melodia ao fundo. Mas, o que eles esquecem de dizer ou não querem, é que isso que chamam de “poder” não tem nada a ver com manifestações de curas, milagres, sinais ou prodígios ensinados na Bíblia. Na verdade, o que dizem ser derramamento de poder não passa de emoção, gritos e até mesmo histeria. E toda essa puerilidade em um culto torna-se mais evidente quando impulsionado pela utilização da música como um som de fundo durante a pregação. Sobre esta verdade, em um artigo intitulado A Influência da Música, o musico e compositor pastor Ronaldo Bezerra disse: “A influência da música é tão grande, que ela atua constantemente sobre nós - acelerando ou retardando, regulando ou desregulando as batidas do coração, relaxando ou irritando os nervos, influindo na pressão sangüínea e no ritmo da respiração. É comprovado o seu efeito sobre as emoções e desejos do homem”.
Outrossim, aqueles que praticam este ou qualquer outro tipo de modismo acabam revelando a sua verdadeira intenção diante da igreja: o desejo de se autopromover e de obter rápidos resultados, demonstrando assim despreparo e imaturidade espiritual para quererem ministrar à igreja. Pois, é nessa busca desenfreada pelo ibope e pela fama, que muitos desses pregadores têm confundido canções profanas com musica sacra, alguns até sem conhecimento. Só para se ter uma idéia da gravidade, há um fato que já foi denunciado por vários sites e portais da internet, a de que inúmeros pregadores espalhados por este país têm utilizado como fundo musical uma conhecidíssima canção chamada "Adagio In C Minor" escrita pelo musico e compositor Yanni Chrysomallis, um adepto da Nova Era. Essa canção faz parte do “CD Tribute” e foi gravado por Yanni como um tributo às culturas da China e da Índia, que, diga-se de passagem, está última é uma das nações mais idolatra, politeísta e henoteísta que existe. Eu sei que muitos não lembrarão dessa canção pela simples citação do nome, mas como alerta sugiro que pesquise sobre a mesma na internet antes que seja tocada em sua congregação.
Diante de tudo isso, é certo afirmar que obreiros fiéis não dependem de malabarismos humanos para pregar um sermão. Como pregadores do Santo Evangelho, dependemos somente de Cristo, vivendo uma vida piedosa e regada com muita oração e estudo das Sagradas Escrituras. O verdadeiro pregador é moldado pela Palavra de Deus. Ninguém precisa invejar ou copiar os atuais “pregadores e avivalistas” que se promovem à custa de um “evangelho” sincrético, manifestado na utilização de modismos. Como obreiros e pregadores do Santo Evangelho devemos ser nós mesmos, pois a eficácia na pregação dependerá principalmente do nosso preparo, e nesse sentido a Bíblia orienta que todos os obreiros cultivem uma vida de oração (1 Ts 5.17) e que tenham conhecimento e preparo para manusear corretamente as Escrituras (2 Tm 2.15). Spurgeon, um gigante da pregação do século XIX deixou também um precioso conselho: "Para serem pregadores eficazes devem ser teólogos autênticos". Assim, o sucesso na pregação não depende da utilização de fundos musicais ou de qualquer outro método semelhante, mas da habilidade do obreiro adquirida com muito labor ao longo dos anos.
Infelizmente, algumas pessoas têm tentado fundamentar a prática do fundo musical durante a pregação, interpretando equivocadamente o texto de II Reis 3.15-19, onde narra o episodio em que o profeta Eliseu recebeu uma palavra profética quando um músico tocava sua harpa. Acontece que esse evento além de ser específico e o único dessa natureza no ministério do profeta, nessa passagem não há nenhum incentivo para a prática desse modismo tratado neste artigo. É importante entender também que, apesar do Livro de Crônicas relatar que o rei Davi organizou um ministério de músicos para que profetizassem com instrumentos musicais (Crônicas 25.1), esta prática limitou-se apenas ao período monárquico de Israel, não sendo esta prática ensinada como um principio espiritual em nenhuma outra passagem de ambos os testamentos.
Não há dúvida que o Espírito de Deus continua falando à igreja pela instrumentalidade de um arauto do Evangelho. Todavia, Deus não comunga com pessoas determinadas a controlar o ambiente de um culto por meio de técnicas de psicologia ou de persuasão. Por isso, não há nada mais infeliz para um pregador do que utilizar modismos como um fundo musical para tentar ampliar o resultado final do seu sermão. O apóstolo Paulo quando desejava mais autoridade e convicção para suas ministrações, buscava em Deus através da oração, como se vê nos verso seguinte: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, Efésios 6.18,19”.
Portanto, os pregadores que estão ligados a este tipo de modismo possuem uma vida espiritual superficial, pois são indivíduos mais preocupados com a forma e o resultado final do que com o conteúdo. E, uma igreja que está constantemente exposta a esses levianos acaba cultivando uma vida espiritual rasa e sem profundidade bíblica.
13 Comentários
Parabéns irmão Gleison pela bela e edificante postagem.
ResponderExcluirCerta vez enquanto ministrava,colocaram um desses
fundo musicais de forma tão ensurdecedora que tivge que mandar tirar.
Não sou contra,contudo que haja equilíbrio.
Graça,Paz e saúde companheiro.
Nobre Silas, a Paz do Senhor Jesus.
ResponderExcluirVocê disse a palavra certa: "equilíbrio". Isso é necessário para todos aqueles que pregam a Palavra de Deus.
Obrigado por sua visita meu irmão.
Um abraço!
Amado irmão,
ResponderExcluirPaz e graça.
Parabéns pelo excelente artigo.Muito boa a exposição.Concordo com o irmão.Infelizmente, nosso povo lê pouco e estou incluindo aí a leitura sistemática da Bíblia.Por isso, é alvo mais fácil do engano.
Estou seguindo seu Blog a partir de hoje, e quero postar em meu Blog esse Artigo,com sua permissão.Estarei dando os créditos como deve ser.
Grato.
Grande abraço.
Viva vençendo!!!
Seu irmão menor.
Prezado Wáldson Lima, a Paz do Senhor Jesus
ResponderExcluirObrigado por suas palavras de incentivo. Fico feliz que tenha gostado do artigo. Realmente nosso povo lê muito pouco a Bíblia e consequentemente são alvos fáceis de pregadores mercenários.
Você tem toda permissão de divulgar este artigo no seu blog. Fique a vontade para copiar quando quiser.
Eu gostei muito do seu blog e também sou um seguidor.
Um abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA paz do Senhor
ResponderExcluirGostei bastante de sua abordadem nesse sentido.
Não é de hoje que tentam dá uma "forcinha" pro Espírito Santo. Pelo menos emocionalmente isso funciona e todos nós sabemos disso. Agora, querer tocar no coração já é outra coisa bem diferente. De repente é porque os gemidos do Espírito Santo não tá adiantando muito.
Penso que esses artifícios tem a sua hora adequada. Pregação é pregação. Nunca se viu Jesus pregando e os discípulos cantando bem baixinho ou executando algum instrumento.
Valeu....Parabéns....
Prezado Jairzinho, Graça e Paz...
ResponderExcluirÉ uma honra receber seu comentário.
Como você bem disse meu amigo, esse artifício só funciona emocionalmente, com mensagens que não causam nenhum impacto nos ouvintes. É por isso que muitas pessoas tem entrado e saido vazias de algumas reuniões ditas evangélicas.
Um abraço!
Bastante interessante sua postagem,edificante e sincera.Realmente,é triste ver em muitas igrejas o quanto as pessoas não entendem a essência da Adoração e o poder tremendo que existe no evangelho de Cristo, se compreendessem;teríam experiências incríveis com Deus e não precisariam "apelar" tanto...
ResponderExcluirDeus te abençoe muito e derrame uma unção tremenda sobre você e sua família
Irmã Juliana, a Paz do Senhor Jesus
ResponderExcluirObrigado por suas palavras de incentivo. Fico feliz que tenha gostado desta postagem. Eu a escrevi no intuito de despertar alguns irmãos que tem se deixado enganar por "malabarismos espirituais" que não agregam valor algum para nossas vidas nem para o Reino de Deus.
Volte sempre!
As ricas bênçãos do Senhor sejam continuamente sobre sua vida.
nada A VER e nao nada haver, erros desse tipo faz seu texto perder credibilidade.
ResponderExcluirJosué Paz,
ResponderExcluirQuem muito escreve está suscetível a cometer inúmeros erros na gramática e até mesmo na grafia. Seu apontamento foi importante porque me permitiu detectar e corrigir este erro, que no meu ver é pequeno quando comparado com a grandeza a informação transmitida por esta postagem.
Eu primo pelo bom uso da língua portuguesa, tanto no falar como no escrever, mas confesso não conhecer todas as regras a respeito. Não queria decepcioná-lo, mas é bem provável que cometerei outros erros futuramente no afã de produzir para o meu leitor um texto claro, agradável e bem estruturado. Por isso, fique sempre por perto para ler e corrigir minhas postagens.
Quanto à credibilidade do meu texto não cabe você julgar. Na verdade, acredito piamente que nem competência para isso você tem. Basta apenas para você entender minha mensagem.
Parabens! Sou pregador do Evangelho e nunca concordei com este artificil usado hoje por muitas igrejas no momento da pregação. Quando vou pregar e colocam o fundo musical, logo peço para tirar. O fundo musical meche com o emocional e não com o espíritual. Hoje o que temos visto é cultos maquiados. Muito emocionalismo e pouca unção.
ResponderExcluirGostei muito deste artigo, fico feliz de encontrar pessoas sensatas e que percebem que este tipo de prática só serve mesmo para gerar emocionalismo e até mesmo tirar a atenção do povo da palavra para a música tocada. De acordo com a Palavra o culto tem que ser racional.
ResponderExcluirCaro internauta, fique à vontade para expressar suas críticas, sugestões, complemetos ou correções. Deus te abençoe!