Caros amigos é com profunda emoção que posto aqui neste blog uma série de biografias de pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil. Homens e mulheres destemidos, tremendamente usados por Deus. Pessoas simples, mas cheias do Espírito Santo, sendo fiéis até a morte no compromisso de levarem a mensagem pentecostal em todos os recantos do nosso país.

E para começar vamos conhecer um pouco da vida e ministério de NELS JULIUS NELSON. Saiba por que este homem foi conhecido como Apóstolo da Amazônia. Vale a pena ler e aprender!


NELS JULIUS NELSON
Apóstolo da Amazônia

Em dezembro de 1912, vindo da Suécia, o jovem Nels L. Nelson chegava à cidade norte-americana de Mineápolis, Estado de Minesota. Quem o observasse, talvez o confundisse com um dos inúmeros adolescentes que transitavam pelas ruas, sequiosos de aventuras e de progresso. Aquele rapaz, no entanto, era diferente; viajara da sua terra natal para os Estados Unidos pelo simples fato de crer que Deus o chamava para realizar um grande trabalho – obra que envolveria toda a sua vida. Isso ficou patente, após o encontro com seu tio, um homem bem estabelecido em Mineápolis e que, juntamente com sua família, servia ao Senhor.Dois anos após a sua chegada, Nels tornou-se membro da Igreja Luterana, apesar de seu tio e seus primos insistirem em que ele aceitasse a fé pentecostal. Certa noite, ao voltar para casa, seu tio o cumprimentou, como fazia de costume, mas não recebeu resposta, sendo que o moço recolheu-se em seus aposentos, profundamente triste. Quando se preparava para dormir, sentiu-se invadido por uma inquietação tamanha, como nunca experimentara, semelhante àquele estado descrito pelo autor da carta aos Hebreus 10:27: “... uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”. Uma profunda convicção de seu estado pecaminoso apossou-se de sua alma. Sim, era um pecador e de nada lhe adiantava pertencer a uma igreja, pois até aquele momento o seu coração ainda não havia sido habitado por Jesus Cristo. Naquele mesmo instante, o Espírito Santo encheu-se da convicção de que precisava ser salvo; fê-lo levantar-se, sair rapidamente do seu quarto e acordar seu tio, pedindo-lhe que orasse por ele. Após ser lida a Palavra de Deus, Nels Nelson recebeu a Cristo como seu Salvador. A 15 de abril de 1915, já freqüentando uma igreja pentecostal, foi batizado nas águas e, em 19 de novembro de 1916, o Espírito que fala as línguas do Altíssimo desceu sobre ele. Naquele momento recebia a virtude do espírito Santo e seria testemunha de Jesus Cristo, tanto na Suécia, entre seus familiares e amigos, como nos países vizinhos até aos confins da terá.Chamada para o Brasil – Não demorou muito ser chamado para o trabalho missionário. Orando certa vez na casa do seu tio, o Senhor o chamou para evangelizar um país distante.Em 21 de março de 2921, desembarcando em Belém, PA, Nels Julius Nelson chegava ao Brasil. Antes, estivera na Suécia e falara aos seus pais do amor de Jesus. Com 26 anos de idade, possuindo uma fé sempre crescente em Deus, Nelson iniciou um trabalho de evangelização que seria considerado mais tarde como alicerçamento das Assembléias de Deus no Norte e Nordeste brasileiro. Iniciou seu trabalho como auxiliar do missionário Samuel Nyström, na direção da Assembléia de Deus em Belém, PA. Cinco anos depois, tornou-se o presidente da igreja, pois o missionário Nyström foi para o Rio de Janeiro. Continuou em Belém durante 20 anos. Nesse período, fundou o jornal evangélico “Boa Semente”; deu início às chamadas Escolas Bíblicas de curta duração, que grandes benefícios trouxeram a muito obreiros em todo o Brasil; criou classe de estudos bíblicos nas igrejas, para treinamento da mocidade. Pregando, visitando, indicando pastores para assumir o trabalho em campos de Norte a Sul do país, assumindo algumas vezes a direção dos trabalhos, viajando em embarcações fluviais, as “zhatas”, sobre o rio Amazonas, indo ao Maranhão, Piauí, Ceará, Mato Grosso, territórios e arquipélago de Marajá, ele foi durante mais de 40 anos um dos maiores líderes espirituais que já atuaram no Evangelho, neste país.Essas viagens custaram-lhe muito. Foi durante 18 anos. Teve muitas crises no decurso de suas viagens no barco “Boas Novas”. A doença, os longos percursos e as privações a que seria obrigado a passar não o fizeram desistir daquele trabalho. Havia muita pobreza nas ilhas, tanto material como espiritual; por isso, Nelson levava sempre a sua canoa repleta de boas-novas da salvação (folhetos, porções da Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo) e de peças de fazenda, tais como: roupas, sapatos etc. Sempre um grande número de homens, de mulheres e crianças esperavam-no nas margens dos rios, quando recebiam algo do que necessitavam.Quando já pastoreava a Igreja em Belém, por dez anos, o Senhor concedeu-lhe uma companheira, Lídia Rodrigues. Contava ele, então, 40 anos de idade. Desta união nasceram Ester, Ruth e Samuel. No mesmo ano do seu casamento, o missionário Gustavo Nordlund, pastor da Assembléia de Deus em Porto Alegre, RS, precisando ir à Suécia, convidou-o para substituí-lo enquanto estivesse fora. Ele aceitou o convite e, durante um ano, pastoreou a igreja, voltando para Belém, a fim de continuar ali o seu vasto e fecundo ministério. Em 1946, foi eleito Presidente do Conselho Diretor da CPAD e tornou-se um incansável propagador dos ideais desta Casa. Promoveu, em grande parte, a manutenção e o progresso desta Editora que cresce a cada dia. Com esse propósito, visitou não só o Brasil, mas, também, os Estados Unidos, a Finlândia, a Noruega e a Suécia, pleiteando ajuda em favor da mesma. Dele partiu a iniciativa da construção de um novo prédio e a aquisição de uma nova maquinaria.Em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro e pastoreou a Assembléia de Deus em São Cristóvão, até o ano de 1957. A partir dessa data, passou a atender o trabalho em todo o Brasil, deslocando-se para as igrejas, nas quais sua presença se fazia necessária. Neste mesmo ano, os sintomas da doença que o levaria para a Glória começaram a manifestar-se obrigando-o a ficar em casa. Quando obreiros visitavam, ele falava do amor que tinha pelo trabalho no Norte do Brasil. Certa vez, confessou entre lágrimas: “Se eu viesse a saber da aproximação de minha morte, embarcaria para findar minha carreira na Amazônia, onde a comecei”.Em junho de 1962, reiniciaram-se seus contatos com o trabalho que tanto amava. Esse foi o ano da Convenção paraense e, aqueles que o acompanharam, admiraram-se de suas atividades ininterruptas, pregando, dirigindo estudos bíblicos, visitando o interior do Estado, tudo com tal azáfama que levou os irmãos a pensarem ser aquilo uma verdadeira despedida. De Belém, dirigiu-se a Curitiba, segundo o itinerário que sentia em seu coração. Era seu propósito percorrer todos os Estados, a fim de fazer com que a lâmpada da salvação andasse nos caminhos noturnos e tenebrosos do pecado. De Curitiba, dirigiu-se a Manaus, de onde foi para Belém. Com o estado de saúde cada vez mais abalado, quase se viu impossibilitado de viajar a Recife. Mesmo assim, participou no mês de novembro da Convenção Geral que se realizava nesta cidade. Ao término da Convenção rumou para o Rio de Janeiro. Já no fim da sua vida sentia saudades daquela gente pobre e faminta a quem falara do grande amor de Jesus, e que nunca poderia imaginar que Deus traria um homem da Suécia e o conduziria àquelas distâncias, cheio de amor e bondade, para lhes falar da salvação. Os que estiveram com Nels Nelson, no seu último instante, puderam ver que os seus olhos ardiam, em sereno e profundo brilho, a luz tranqüila de um amor provado e seguro.Eram três e quinze da tarde do dia 5 de março de 1963, quando na CPAD todas as atividades foram suspensas, devido a notícia da partida para o lar do Apóstolo da Amazônia! Na madrugada daquele dia, Lídia Nelson ouvira, no Hospital Evangélico, na Tijuca, onde se encontrava fazendo companhia ao seu marido, um som de violino a invadir o silêncio dos corredores escuros, tocando brandamente o hino: “Oh! que do doce lar!” Curiosa, não sabendo de onde vinha aquela melodia tão suave, aproximou-se do leito onde se encontrava Nelson, que dormia tranquilamente. A madrugada estava mergulhada em profunda paz. Havia anjos ali! O pastor Alcebíades de Vasconcelos, que esteve ao seu lado nos últimos momentos, escreveu: “Vi morrer um grande! Vi morrer um forte! Vi morrer um justo! E, ao vê-lo, um único pensamento subiu ao meu coração: o de agradecer a Deus por aquela vida que ele graciosamente dera ao Brasil, como testemunho do seu amor para com os filhos deste grande país”.E o jornalista Emílio Conde acrescentou: “Foi um sol que nasceu brilhando com muita intensidade e que desapareceu ao acaso”.


Fotos: História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil – CPAD – 1º edição – 2004.